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Os tesouros da nossa terra

Os tesouros da nossa terra

Arte Xávega - Meia Praia - Lagos

 

 

Ainda é noite cerrada e os carros começam a chegar, aos poucos mais chegam para logo caminharem em silêncio pela praia onde as gaivotas ainda dormem.

 

Bebe-se café, ri-se e conversa-se, para logo uma voz de comando unir as vontades e o trabalho começa, é preciso meter o barco na água, uns puxam, outros empurram, os barrotes são alinhados para o barco melhor deslizar. Assim custa menos.

 

Estamos ali todos unidos com um único propósito, unir as nossas forças para pescar, para juntos puxarmos a rede. A pesca acaba sem querer por ser uma interessante analogia á própria vida, á força do trabalho de equipa, onde o nós supera o eu.

 

E todos juntos, novos e velhos, portugueses e estrangeiros, ali são todos bem-vindos, são todos importantes.

 

O barco dá uma volta a largar a rede, come-se uma bucha rápida, o processo é breve, logo de seguida começa-se a puxar a rede, dois grupos num ritual quase mecânico vão aos poucos trazendo a rede até á praia, cercando o peixe.

 

As gaivotas começam a interessar-se pelo processo, pois sabem como termina.

 

O final do saco finalmente chega á praia, a multidão junta-se á volta, são trazidas caixas de muitas cores, o peixe salta dentro do saco aos nossos pés. Mãos ágeis dividem o peixe por categoria, por espécie, as gaivotas quase que lutam pelo peixe que lhes é oferecido.

 

No final um exercício de pura democracia, os trabalhadores são organizados numa enorme roda e o peixe é por todos dividido.

 

Que belo exercício de democracia!